🛒 Cartão de crédito e o carrinho cheio: por que 59% das dívidas vêm das compras no supermercado (e como sair dessa armadilha)

Confesso: por muito tempo, o cartão de crédito foi meu “melhor amigo” na hora de fazer compras no supermercado. Aquela praticidade de passar o cartão e parcelar o mês parecia uma solução mágica para equilibrar as contas. Mas, um dia, me dei conta de que aquela facilidade estava me custando caro — literalmente.

Recentemente, uma pesquisa revelou um dado alarmante: 59% das dívidas de cartão de crédito no Brasil estão ligadas a compras em supermercados. E eu não fiquei nem um pouco surpresa. Afinal, é justamente ali, entre as gôndolas e promoções “leve 3, pague 2”, que muita gente acaba se enrolando financeiramente.

Neste artigo, quero compartilhar minha reflexão sobre esse tema, com base em experiências reais, estudos e práticas que me ajudaram a recuperar o controle do meu orçamento. Vamos entender por que o cartão de crédito virou vilão nas compras do dia a dia e, principalmente, como usá-lo a nosso favor.

💳 Por que o cartão de crédito virou o “vilão” das compras básicas?

Quando o cartão de crédito surgiu, ele prometia liberdade. E, de certa forma, oferece mesmo: você compra agora e paga depois. O problema é o “depois” — que chega com juros de até 430% ao ano, segundo o Banco Central (dados de 2024).

Mas o que explica essa dependência crescente do cartão para gastos tão básicos como alimentação?

🛍️ O aumento do custo de vida

Os preços nos supermercados dispararam nos últimos anos. De acordo com o IBGE, a alimentação no domicílio acumulou alta de mais de 20% entre 2022 e 2024. Com o salário praticamente estagnado, muita gente passou a depender do crédito rotativo para manter a geladeira cheia.

E eu sei bem como é isso — já vivi meses em que o cartão parecia o único jeito de manter o básico em casa. Só que esse “alívio temporário” se transforma, em poucos meses, em um ciclo de endividamento.

📆 O parcelamento como armadilha silenciosa

Você já reparou como é fácil cair na tentação de parcelar a compra do mês em 3 ou 4 vezes? O problema é que no mês seguinte, o supermercado continua sendo necessário, e você acaba acumulando parcelas sobre parcelas.

Resultado: o orçamento fica engessado e o limite do cartão, cada vez mais comprometido.

📊 O que a pesquisa realmente diz

De acordo com o levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC), 59% das dívidas de cartão de crédito no Brasil estão relacionadas a compras em supermercados. Em segundo lugar, vêm farmácias (17%) e combustíveis (10%).

Isso mostra que as dívidas não estão vindo de luxo, mas de necessidade. Ou seja, as pessoas estão se endividando para viver — e isso é preocupante.

Outro dado interessante da pesquisa: as mulheres representam 54% dos endividados com cartão de crédito, e o grupo mais afetado é o das pessoas entre 30 e 49 anos — justamente quem tem mais responsabilidades financeiras e familiares.

🧠 Por que é tão fácil se endividar no supermercado?

Quando comecei a olhar para meus gastos com mais atenção, percebi que o supermercado era o grande vilão do meu orçamento — e eu nem percebia.
Aqui vão alguns motivos pelos quais isso acontece:

1. Compra emocional disfarçada de necessidade

Supermercados são desenhados para nos fazer gastar mais. As prateleiras na altura dos olhos, os cheiros, as promoções relâmpago — tudo é pensado para estimular o consumo impulsivo.
E, com o cartão na mão, essa decisão se torna ainda mais automática.

2. Falta de planejamento

Muita gente (eu incluída, por muito tempo) faz compras sem lista, sem orçamento e sem revisar o que já tem em casa. Isso gera desperdício e gastos desnecessários.

3. Parcelamento de itens perecíveis

Parece inofensivo parcelar uma compra grande, mas pense: você ainda estará pagando aquele pacote de arroz daqui a três meses, quando já terá comprado outro.

4. O crédito como “extensão da renda”

Esse é o erro mais comum: confundir limite de crédito com dinheiro disponível.
O limite é do banco, não seu. E ele vem com juros — juros altos.

💬 Pergunta que muita gente faz:

“Mas usar o cartão no supermercado é sempre ruim?”

Não, e aqui entra a parte importante: o cartão de crédito pode ser um ótimo aliado, desde que usado com estratégia.

Por exemplo:

Usar o cartão para concentrar gastos e acumular cashback ou milhas faz sentido.
Pagar a fatura sempre integralmente evita juros e mantém seu score alto.
E acompanhar os gastos em tempo real por apps pode te ajudar a controlar o impulso.

O problema não é o cartão — é o uso descontrolado dele.

📋 Dicas práticas que realmente funcionaram comigo

Depois de ver o perigo que o supermercado representava nas minhas finanças, comecei a adotar hábitos que mudaram completamente minha relação com o cartão.
Aqui estão as estratégias que funcionaram na prática:

🧾 1. Faça uma lista (e siga fielmente)

Parece clichê, mas a lista de compras é uma ferramenta poderosa. Eu anoto tudo o que realmente preciso e não compro nada fora dela. Isso evita compras por impulso e mantém o foco no essencial.

💸 2. Estabeleça um limite fixo de gastos

Defina um valor máximo mensal para o supermercado. Eu, por exemplo, uso uma planilha simples com categorias: alimentação, limpeza e higiene. Assim, consigo visualizar quando estou prestes a ultrapassar o limite.

📱 3. Use aplicativos de controle financeiro

Ferramentas como Mobills, Guiabolso ou Organizze ajudam a visualizar onde o dinheiro está indo.
Muitas vezes, ver os números “na cara” é o choque de realidade que a gente precisa.

🧠 4. Compre à vista (e reaprenda a lidar com o dinheiro físico)

Uma experiência que mudou minha mentalidade foi fazer o teste de pagar tudo em dinheiro por um mês.
A sensação de ver o dinheiro saindo da carteira é muito mais “real” do que apenas passar o cartão.

🛍️ 5. Aproveite cashback e descontos inteligentes

Se o cartão oferece cashback ou programas de pontos, use — mas sem deixar isso virar desculpa para gastar mais.
O segredo é: gaste o que gastaria de qualquer forma e aproveite o benefício.

💬 Pergunta que sempre ouço:

“Vale a pena ter mais de um cartão de crédito para organizar melhor as compras?”

Depende. Ter mais de um cartão pode ajudar, desde que haja planejamento.
Eu mesma mantenho dois:

Um para gastos fixos essenciais (como mercado e farmácia).
Outro para gastos variáveis (como lazer e delivery).

Mas o que realmente faz diferença é acompanhar tudo de perto.
Ter dois cartões sem controle é o mesmo que ter duas bombas-relógio no bolso.

📉 O impacto das dívidas no seu futuro financeiro

Muita gente acha que dever “só um pouquinho” no cartão não faz mal. Mas a verdade é que qualquer atraso pode virar uma bola de neve.

Juros rotativos ultrapassam 400% ao ano.
O score de crédito cai rapidamente.
E o acesso a financiamentos e empréstimos fica cada vez mais difícil.

Além disso, o endividamento afeta a saúde mental. Dormir preocupado com boletos e faturas é desgastante. Eu vivi isso — e posso garantir: não vale o estresse.

🧩 Como sair das dívidas do cartão de crédito

Se você já se encontra nessa situação, aqui vão passos práticos que me ajudaram (e ajudam muita gente):

Pare de usar o cartão imediatamente.
Suspenda o uso até ter clareza da sua situação financeira.
Liste todas as dívidas.
Coloque em uma planilha o valor, a taxa de juros e o vencimento de cada uma.
Negocie com o banco.
Hoje há opções de parcelamento com juros reduzidos ou portabilidade da dívida.
Use programas de renegociação, como o Desenrola Brasil, que já beneficiou milhões de brasileiros.
Monte uma reserva de emergência.
Mesmo que seja R$ 50 por mês, isso evita recorrer ao crédito em emergências.

💡 Dica bônus: transforme o aprendizado em hábito

Depois de reorganizar minhas finanças, criei o hábito de revisar meus gastos toda semana.
Dedico 15 minutos para ver o extrato do cartão, ajustar o orçamento e planejar as próximas compras.
Pode parecer pouco, mas faz uma diferença enorme.

🔍 O que essa pesquisa revela sobre o Brasil de hoje

O fato de a maioria das dívidas vir de compras em supermercados revela um problema estrutural: o poder de compra das famílias está cada vez menor.
Não se trata apenas de falta de educação financeira — mas de um sistema em que o crédito virou necessidade básica.

Por isso, é fundamental olhar para o cartão com consciência, e não como solução mágica.
Ele pode ser útil, sim — mas deve ser tratado com respeito (e certa desconfiança).

🧭 Conclusão: o verdadeiro poder está em saber usar o crédito

Se tem uma coisa que aprendi com essa experiência é que o cartão de crédito não é o inimigo. Ele é uma ferramenta.
Mas, como toda ferramenta poderosa, pode tanto construir quanto destruir.

Hoje, uso o cartão de forma estratégica:

Para concentrar gastos planejados;
Aproveitar benefícios reais;
E manter minha pontuação de crédito saudável.

E o mais importante: nunca mais entrei no rotativo.

💬 E você?

Você já percebeu quanto gasta no supermercado com o cartão de crédito?
Já caiu na armadilha de parcelar as compras do mês?

Compartilhe sua experiência nos comentários — quero muito saber como você lida com isso.
E, se esse artigo te ajudou, envie para alguém que também precisa entender o peso (e o perigo) de passar o cartão sem pensar.

👉 Continue acompanhando o blog para mais dicas práticas de finanças pessoais e consumo consciente.

Referências:

Cartão de crédito e o carrinho cheio: por que 59% das dívidas vêm das compras no supermercado (e como sair dessa armadilha)